sexta-feira, 1 de agosto de 2008

"Cursin" pré-vestibular

Certo dia, há algum tempo, estava em uma sala de curso preparatório para o vestibular. Uma turma de cursinho como outra qualquer: bons alunos que conhece-se pela cara, alunos que conversam, alunos atentos, alunos que viajam... Naquela época, momento em que a paciência era meu lema (já fui calma, mas os anos de sala de aula me levaram ao stresse e loucura total), depois de várias tentativas de silêncio, súplicas para que os alunos prestassem atenção devida a um conteúdo de interesse dos próprios, num momento de explosão coloquei para fora duas carreiras de fileira de carteira, pra variar: as do fundão. “Não professora...” “Pra fora, já falei” – disse com mais ênfase. “Mas eu que pago seu salário!” “Paga? Então paga muito mal, mais um motivo pra sair da sala” – retruquei. E foi as duas fileiras, umas 10 pessoas conversadeiras, alunos chatos que perturbam, atrapalham a aula, chegam atrasados, fazem barulho, não participam, não sabem o que está sendo discutido, tudo alienado, tudo porra louca.
Depois, minha presença foi solicitada pelo dono da escola, disse dono, lê-se empresário e não educador, que afirmou não se importar se os alunos conversavam, dedicavam, enfim, não interessava, mas que o seu interesse era aquele aluno que pagava a escola, então era pra eu ficar no meu lugar, exercer o meu papel, e não colocar aluno pra fora da sala, pois se for para ele tomar partido, ele ficaria com os alunos ruins pois estes são aqueles que mantêm a escola por anos e anos a fio pois não conseguem ser aprovados no vestibular, bem como aqueles que estão no cursinho por status (pasmen!) É chique estudar (pra mim isso era nova). Dito e não feito, sai da escola.
Tal circunstância se passa em todo o ambiente escolar, em toda a parte do planeta. A alienação, já diria Jabour, é um patrimônio histórico nacional. Ao pensar que estudo fosse uma tarefa árdua, difícil, conflituosa para quem aprende, para quem está engajado na aprendizagem, tentando decifrar “o que que esse povo aí (os professores) estão falando?” Entender a necessidade do conhecimento, valorizando culturas e história, tentando abrir caminhos para sair desse parto difícil que é a ignorância, com dores físicas e psicológicas ao tentar sair da própria casca, passando por cima de preceitos que trás da sua formação para diversidades e lógicas nunca antes ouvidas, isso tudo é reduzido por algumas pessoas o conhecimento como status? Que que isso meu povo? Realmente isso intenciona matar o professor a golpes mortais! Então confundem-se loucos com insanos, quem é quem? Eu que estou nesse mundo, ou mundo que está em mim? Por tudo, despreza-se maiores comentários, pois o aluno que passa por este processo e dele não sai mais, o conhecimento, cria asas e quando se cria asas ninguém segura mais.


Cláudia Rodrigues
Manhã ensolarada de 02 de novembro de 2005, dia dos mortos, mortos em vida, mortos em morte.

2 comentários:

Unknown disse...

Puts vc já passou por kda uma heim...por isso e outros motivos você é a professora mais sensacional q conheço...fala o q pensa e faz o q acha certo sem medo.
Continue assim!
Te amo teacher...rsrs
Bju

Andressa Pereira disse...

hmmmn, que texto, que situação, que história!
É difícil conviver com pessoas ignorantes, mas faz parte, isso nos ensina a perceber que ninguém é sabe tudo!
Beijos
Fik c Deus